Esse aí é o barquinho do meu pai. De vez em quando ele o tira da água e vira o fundo pra cima, pra remover a crosta que com o tempo vai grudando no fundo. 

Esse aí é o barquinho do meu pai. De vez em quando ele o tira da água e vira o fundo pra cima, pra remover a crosta que com o tempo vai grudando no fundo. 

Essa camada escura acaba cobrindo a pintura, atraindo microorganismos e também aumentando o peso do barco, tirando sua velocidade e às vezes até a precisão do seu rumo.

Já parou pra pensar que isso acontece também com a gente?

Com o tempo, forças externas vão deixando em nós camadas que tiram o nosso brilho, a nossa leveza e até a direção que havíamos traçado para nossas vidas.

Com o tempo, colocam em nós sonhos que não são nossos, rótulos que não nos identificam fielmente, crenças que não traduzem nossos valores. E vamos nos tornando só mais um barquinho à beira da lagoa, amarrado e enfeitando a paisagem, ou uma embarcação pesada e poluída, em movimento, mas quase à deriva.

Sempre é hora de observar e “virar o barco” para remover as camadas do que não é você.

Você não é as suas dificuldades. Você não é as rejeições, ofensas, frustrações, injustiças, traições e abandonos que você sofreu. E você também não é o que querem fazer de você. 

Vamos fazer essa limpeza? 

Tudo isso deve ficar na areia, e você deve continuar olhando de longe, sem deixar que pese ou desvie seu rumo.

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