Muitas mães atípicas que conheço têm um relato em comum: “Perdi minha essência depois que fui mãe”..
Também aconteceu comigo. E quem não passou por isso pode ter a tentação de julgar e perguntar “mas como, se ser mãe é a maior emoção do mundo?”..
Precisamos reconhecer a grandiosidade da maternidade mas sem romantizá-la. Ser mãe não é só ver as lindas gracinhas que o bebê faz. É também durante muitos anos não ter mais o direito de fazer as coisas mais básicas na hora que se quer e precisa, como por exemplo dormir e tomar banho..
E quando você está sozinha nessa caminhada, a coisa fica bem pior.
E nessa rotina pesada você começa a não ter tempo de ouvir a música que gosta, ver os filmes que gostaria, conversar com os amigos sobre temas que te interessam, e aos poucos você vai se afastando de quem você é.
Lembro que quando meu filho tinha dez anos, eu o levei a uma das tantas psicólogas que tentamos, e ela me sugeriu fazer também um acompanhamento. Logo na anamnese eu paralisei ao ouvir as perguntas mais simples : “E aí, Simone, quem é você? Do que você gosta?”.
Eu simplesmente não sabia mais quem eu era. Tinha sido totalmente engolida pelo papel de mãe. Uma cumpridora de tarefas, que tinha botado pra dormir os sonhos, interesses, vontades, e perdida da sua essência.
Deu um trabalhão resgatar a Simone de dentro desse redemoinho..
Então, que tal arrumar um tempinho hoje para se fazer essas perguntas básicas: “Quem é você? Do que você gosta? Quais são os seus sonhos? Qual é a sua essência?”
Ainda dá tempo de se reconhecer e se resgatar.